http://www.worldprelaunch.com/florestal
http://www.worldprelaunch.com/florestal
Por: Silvia Schaefer, Bióloga - Mestre em Botânica.
A vida na Terra depende, em última instância, da energia do sol. A fotossíntese é o único processo biológico importante capaz de aproveitar esta energia. Então, seja uma alga, uma planta, ou o maior dos mamíferos, todos dependem, direta ou indiretamente, da fotossíntese para sua sobrevivência.
Introdução / Fotossíntese
A vida na Terra depende, em última instância, da energia do sol. A fotossíntese é o único processo biológico importante capaz de aproveitar esta energia. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
Literalmente, fotossíntese significa “síntese usando luz”. Organismos fotossintetisantes utilizam a energia solar para sintetizar compostos orgânicos, que não poderiam ser formados sem este insumo de energia. A energia estocada nestes compostos orgânicos é usada mais tarde, alimentando os processos celulares na planta e podem servir como fonte de energia para todas as formas de vida. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
A captação da energia solar pelos organismos fotossintetizadores a sua conversão em energia química de compostos orgânicos reduzidos são a fonte fundamental de quase toda a energia biológica. Os organismos fotossintetizadores e heterotróficos vivem num equilíbrio estacionário balanceado na biosfera.
Os organismos fotossintetizadores captam a energia solar e sintetizam ATP e NADPH, que usam como fonte de energia para sintetizar carboidratos e outros compostos orgânicos a partir do CO2 e H2O; simultaneamente liberam O2 na atmosfera. Heterotróficos aeróbicos (seres humanos, por exemplo), usam o O2 assim formado para degradar os produtos orgânicos ricos de energia da fotossíntese até CO2 e H2O, gerando ATP para suas próprias atividades.
O CO2 formado pela respiração dos heterotróficos retorna à atmosfera, para ser usado novamente pelos organismos fotossintetizadores. A energia solar, desta forma fornece a força impulsionadora para a ciclagem contínua do CO2 e O2 atmosférico através da biosfera e fornece os substratos reduzidos (combustíveis), como a glicose, da qual os organismos não-fotossintetizadores dependem. (Lehninger, 1995).
Enormes quantidades de energia são armazenadas como produtos da fotossíntese. Cada ano pelo menos 1017 kJ de energia livre da luz solar é captada e usada para biossíntese nos organismos fotossintetizadores. Isto é mais que 10 vezes a energia combustível fóssil usada cada ano pelas pessoas em todo o mundo. Mesmo os combustíveis fósseis (carvão, óleo e gás natural) são produtos da fotossíntese que se realizou milhões de anos atrás. Por causa da nossa dependência total da energia solar, passada e atual, tanto para energia quanto para o alimento, a descoberta do mecanismo da fotossíntese é um objetivo central da pesquisa em bioquímica. (Lehninger, 1995)
Visão Geral da Fotossíntese
As reações químicas da fotossíntese são dirigidas pela luz.
No final do século dezenove, descobriu-se que todas as reações da fotossíntese poderiam ser escritas segundo a seguinte reação (1):
luz, planta
6CO2 + 6H2O ———> C6H12O6 + 6O2 (1)
onde C6H12O6 representa um açúcar simples tal como a glicose. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
É importante dizer que na história do universo, nunca uma molécula de glicose foi formada espontaneamente a partir de CO2 e H2O sem o acréscimo de energia externa. A energia requerida para dirigir a fotossíntese vem da luz. Uma forma simplificada da reação apresentada acima é a seguinte (2):
luz, planta
CO2 + H2O ———> CH2O + O2 (2)
onde (CH2O) é uma molécula de glicose.Aproximadamente 9 a 10 fótons de luz são requeridos para que a reação acima aconteça. Se luz vermelha é absorvida (comprimento de onda 680 nm), o total de energia captada é de 1760 kJ por mol de oxigênio formado, sendo mais do que suficiente para que a reação ocorra. A eficiência da conversão da energia luminosa de um comprimento de onda ótimo é de aproximadamente 27%, que é notavelmente alto para um sistema de conversão de energia. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
Maquinaria da fotossíntese
O tecido fotossintético mais ativo em plantas superiores é o mesofilo das folhas. As células do mesofilo possuem um grande número de cloroplastos que contém pigmentos verdes especializados na absorção de luz, a clorofila. Na fotossíntese, a energia solar é utilizada pelas plantas para oxidar a água, com a concomitante liberação de oxigênio e a redução do CO2 em compostos orgânicos, primariamente açúcares. Esta complexa série de reações que culminam com a redução de CO2 incluem reações dependentes da luz (fase clara) e reações independentes da luz (fase escura).
As reações fotossintéticas dependentes da luz ocorrem num local especializado do cloroplasto: os tilacóides. Os produtos finais das reações dependentes da luz são compostos de alta energia, o ATP e o NADPH, que são usados na síntese de açúcares. A fase de síntese, também chamada de reações independentes da luz, acontece no estroma dos cloroplastos, uma solução aquosa na qual estão mergulhados os tilacóides. (TAIZ & ZEIGER, 1998).
Nos cloroplastos, a energia luminosa é absorvida por duas unidades funcionais diferentes chamadas fotossistemas. A energia luminosa absorvida é usada para transferir os elétrons entre uma série de componentes que agem como doadores e aceptores de elétrons. O aceptor final de elétrons é o NADP+, que é reduzido a NADPH. A energia luminosa é também utilizada para gerar um gradiente de prótons através das membranas dos tilacóides, onde este gradiente é usado para síntese de ATP. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
Luz - Maquinaria da fotossíntese
Segundo o físico inglês Isaac Newton, que decompôs a luz em um espectro de cores visíveis ao deixá-la atravessar um prisma, a luz branca é constituída de diferentes cores, abrangendo desde o violeta em uma das extremidades do espectro, até o vermelho na outra extremidade. A separação é possível porque a luz de cores diferentes é desviada em ângulos diferentes ao passar por um prisma. (Raven, 1996)
Já no século 19, o físico britânico James Clerk Maxwell, estabeleceu que aquilo que conhecemos como luz nada mais é do que uma pequena parte de um amplo espectro de radiações, o espectro eletromagnético. Como Maxwell demonstrou, todas as radiações integrantes deste espectro propagam-se como ondas. Os comprimentos de onda variam desde aqueles dos raios X, que são medidos em nanômetros, até aqueles de baixa freqüência como os das ondas de rádio, que são medidos em quilômetros. Quanto mais curto o comprimento de onda, maior é a sua energia. Dentro do espectro de luz visível, o vermelho é o comprimento de onda mais longo e o violeta o mais curto. (Raven, 1996).
A luz visível é a radiação eletromagnética dos comprimentos de onda de 400 até 700nm, que é uma pequena parte do espectro eletromagnético. (Lehninger, 1995).
Em 1905, Albert Eintein propôs o modelo corpuscular da luz, no qual a luz é constituída por partículas de energia denominadas fótons ou quanta de luz. A energia de um fóton não é a mesma para todos os comprimentos de luz, mas é inversamente proporcional ao comprimento de onda, ou seja, quanto maior o comprimento de onda, menor a energia. Por exemplo, os fótons da luz violeta tem quase o dobro da energia dos fótons da luz vermelha. (Raven, 1996).
Cloroplastos - Maquinaria da fotossíntese
Como já foi falado de uma forma resumida anteriormente, em organismos fotossintéticos eucariotos, a fotossíntese acontece numa organela celular chamada cloroplasto. O mais notável aspecto da estrutura do cloroplasto é o extenso sistema de membranas internas conhecidas como tilacóides.
Toda a clorofila está contida neste sistema de membranas, que é o sítio das reações dependentes da luz da fotossíntese. Já as reações de redução do carbono, ou “fase escura”, que são catalisadas por enzimas solúveis em água, acontecem no estroma, a região do cloroplasto que rodeia os tilacóides. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
Cloroplasto é um plastídeo que recebe este nome (cloroplasto) por conter como pigmento principal a clorofila. Cada um é envolvido por um envelope constituído por duas membranas. Internamente, é diferenciado em um sistema de membranas e uma matriz mais ou menos homogênea, o estroma. Além da clorofila, os cloroplastos contém também carotenóides.
Os pigmentos de clorofila são os responsáveis pela cor verde destes plastídeos. Os cloroplastos de plantas tem usualmente a forma discóide e medem entre 4 e 6 micrômetros de diâmetro. Uma única célula do mesófilo pode conter de 40 a 50 cloroplastos e um milímetro quadrado contém cerca de 500.000. Os cloroplastos são geralmente encontrados com suas superfícies maiores paralelas à parede celular. (RAVEN, 1996)
A estrutura interna dos cloroplastos é complexa. O estroma é atravessado por um elaborado sistema de membranas em forma de vesículas achatadas chamado tilacóides. Acredita-se que os tilacóides constituam um único sistema interconectado. Os cloroplastos são geralmente caracterizados pela presença dos grana (singular: granum), que são discos de tilacóides empilhados que se assemelham a uma pilha de moedas.
Os tilacóides dos vários grana estão conectados uns aos outros por tilacóides do estroma ou tilacóides intergrana, que atravessam o estroma. Os pigmentos de clorofila e carotenóides são encontrados embebidos nas membranas dos tilacóides, onde formam unidades discretas de organização chamadas fotossistemas.
Cada fotossistema contém um conjunto de cerca de 250 a 400 moléculas de pigmentos e consiste em dois componentes intimamente ligados: um centro de reação formado por um complexo proteína-pigmento e um complexo protéico antena. Dentro dos fotossistemas, as moléculas de clorofila estão ligadas a proteínas específicas e situadas em locais que permitem uma captação eficiente da energia luminosa. (RAVEN, 1996)
Os Fotossistemas
A fotossíntese acontece em complexos contendo antenas receptoras de luz e centros de reações fotoquímicas, chamadas de fotossistemas. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
A porção de energia luminosa absorvida pela clorofila e outros pigmentos é eventualmente estocada como energia química para formar ligações químicas. Esta conversão de energia de uma forma para outra é um complexo processo que depende da cooperação entre um grande número de pigmentos e um grupo de proteínas de transferência de elétrons. A maioria dos pigmentos servem como uma antena, coletando luz e transferindo a energia para os centros de reação. (TAIZ & ZEIGER, 1998)
Os pigmentos que absorvem luz na membrana dos tilacóides estão arranjados em conjuntos ou feixes funcionais chamados de fotossistemas. Nos cloroplastos de espinafre cada fotossistema contém cerca de 200 moléculas de clorofila e cerca de 50 moléculas de carotenóides. Os agregados podem absorver luz em todo o espectro visível, mas especialmente entre 400 e 500nm e entre 600 e 700nm. Todas as moléculas dos pigmentos num fotossistema podem absorver fótons, mas apenas umas poucas podem transduzir a energia luminosa em energia química. (Lehninger, 1995)
Um pigmento transdutor consiste de várias moléculas de clorofila combinadas com um complexo protéico que também contém quinonas fortemente ligadas. Este complexo é também chamado de centro de reação fotoquímica. As outras moléculas de pigmento num fotossistema são também chamadas de moléculas antenas ou captadoras de luz. Elas funcionam na absorção e transmissão da energia luminosa, em velocidade muito alta, para o centro de reação, onde ocorrem as reações fotoquímicas. (Lehninger, 1995)
Fotossistema II – Fotossíntese
O complexo fotossistema II utiliza energia luminosa para oxidar água e reduzir a plastoquinona. Estas duas reações ocorrem em lados opostos da membrana do tilacóide, envolvendo a permanência de um próton no lado do estroma enquanto a plastoquinona é reduzida e liberação deste próton no lado correspondente ao lúmen para a oxidação da água.
Através destas reações, o fotossistema II contribui para gerar um gradiente eletroquímico de prótons transtilacoidal (no interior do lúmen) que dirige a síntese de ATP. (Dey & Harborne, 1997)
A estrutura do fotossistema II consiste de mais de 20 polipeptídeos, 13 dos quais são codificados pelo genoma do cloroplasto. Todos os grupos prostéticos ligados envolvidos no transporte de elétrons da água até a plastoquinona estão ligados a um heterodímero de duas proteínas integrais de membrana homólogas, D1 e D2. (Dey & Harborne, 1997)
Grupo composto por vegetais lenhosos ou herbáceos;
Podem ser:
- Anuais (que completam o ciclo de vida em 12 meses, ou seja, germinam, florescem, formam frutos, sementes e morrem em um ano);
- Bianuais ou bienais (que tem ciclo de vida de 24 meses. Crescem vegetativamente no primeiro ano e florescem e dão frutos no segundo ano.)
- Perenes (com ciclo de vida longo, que pode durar muitos anos. São também chamadas de permanentes).
• Alternância de gerações pouco perceptível (geração sexual – fase gametofítica – reduzida a poucas células ou núcleos);
• Órgão sexuais protegidos por perianto, inseridos em brotos especiais, as flores;
• Flores hermafroditas (os dois sexos na mesma flor) ou unissexuais (flores apenas femininas ou apenas masculinas);
• Órgãos sexuais masculinos: estames (antera, filete e conectivo);
• Órgãos sexuais femininos: carpelos (diferenciados em estigma, estilete e ovário);
• Óvulo: saco embrionário contém uma oosfera.
• Grão de pólen: 2 núcleos reprodutivos e 1 vegetativo (formação do tubo polínico);
• Fecundação dupla: um núcleo reprodutivo fecunda a oosfera (embrião). O segundo fecunda os núcleos polares do óvulo (endosperma).
Formação do fruto e semente:
• Ovário, após a fecundação forma o fruto.
• Óvulo, após a fecundação forma a semente. O óvulo está inserido dentro do ovário. Consequentemente, a semente está inserida dentro do fruto.
Características da flor
Divisão Magnoliophyta
Para a compreensão da classificação das plantas da Divisão Magnoliophyta, é essencial que se tenha um conhecimento detalhado sobre as características da flor. A taxonomia das angiospermas é, em grande parte, baseada nestas características.
Por definição, temos que a flor é o órgão que reúne as estruturas reprodutivas das Angiospermas (Divisão Magnoliophyta).
Desenho esquemático de uma flor verdadeira (Divisão Magnoliophyta). Carpelo (gineceu), estame (androceu), pétala, sépala, receptáculo floral, pedúnculo floral. Imagem: Silvia Schaefer.
Na maioria dos casos, as flores são estruturas férteis protegidos por folhas estéreis especiais, cujo conjunto é chamado de flor (flor verdadeira, diferente das gimnospermas que possuem estróbilos).
A flor é sustentada pelo pedúnculo ou pedicelo, cuja porção superior é alargada e constitui o receptáculo, que porta os apêndices estéreis (sépalas e pétalas) e os apêndices férteis (estames e carpelos) da flor.
São formadas por séries concêntricas de elementos:
- Externamente as sépalas, constituindo o cálice;
- Em seguida, as pétalas formando a corola;
- Estames, constituindo o androceu;
- No centro, o ovário que forma o gineceu.
Estrutura básica de uma flor verdadeira (angiospermas): antera, filete, estigma, estilete, ovário, pistilo, pétala, sépala, receptáculo. Imagem: Silvia Schaefer.
Quando não se podem distinguir as sépalas das pétalas (a não ser pela posição), chamamos tépalas e ao conjunto, denominados perigônio.
Ao conjunto de sépalas e pétalas, denominamos perianto.
veremos detalhes da classificação da flor quanto a:
Sépalas e Pétalas - Flor Magnoliophyta
Classificação das flores quanto às sépalas e pétalas.
Sépalas
Geralmente de cor verde, formam o cálice da flor e nos estágios iniciais de desenvolvimento envolvem as outras estruturas do botão floral.
Flor dialissépala: sépalas livres entre si. Ex: Lírio.
Flor gamossépala: sépalas unidas entre si. Ex: Ipê de jardim.
Flor dialipétala. Lírio. Gênero: Lilium, família Liliaceae. Foto: Silvia Schaefer
Flor gamopétala. Ipê de jardim. Espécie: Tecoma stans. Família Bignoniaceae. Foto: Silvia Schaefer
Perianto: conjunto de sépalas e pétalas de uma flor.
Perigônio: conjunto de tépalas. Quando não se podem distinguir as sépalas das pétalas (a não ser pela posição), chamamos tépala.
Pétalas
Geralmente coloridas, localizam-se internamente ao cálice e formam a corola.
Flor dialipétala: quando as pétalas são livres entre si
Flor gamopétala: quando as pétalas estão unidas entre si.
Classificação das flores quanto ao número de pétalas
Dímeras (2 pétalas). Típicas de dicotiledôneas.
Trímeras (3 ou múltiplo de 3 pétalas). Típicas de monocotiledôneas. Ex: lírio.
Tetrâmeras (4 ou múltiplo de 4 pétalas). Típicas de dicotiledôneas. Ex. hortência.
Pentâmeras (5 ou múltiplo de 5 pétalas). Típicas de dicotiledôneas. Ex: hibisco.
Flor dímera.
Flor trímera. Sisyrinchium micranthum, família Iridaceae. Foto: Silvia Schaefer
Flor tetrâmera. Hortência, gênero Hydrangea, família Hydrangeaceae.
Flor pentâmera. Guanxuma, Gênero Sida, família Malvaceae. Foto: Silvia Schaefer
Flor - Características gerais
Flores monóclinas ou díclinas
Monóclina ou Hermafrodita: quando a flor apresenta androceu e gineceu.
Díclina ou unissexual: quando a flor apresenta só androceu (estames) ou só gineceu (ovário).
Só estames (díclina masculina): flores estaminadas.
Só ovários (díclina feminina): flores carpeladas.
Imagem (desenho esquemático) de uma flor monóclina ou hermafrodita, que apresenta androceu e gineceu. Imagem: Silvia Schaefer.
Imagem (desenho esquemático) de uma flor unissexual diclina masculina, que apresenta apenas androceu. É uma flor estaminada. Imagem: Silvia Schaefer.
Imagem (desenho esquemático) de uma flor unissexual diclina feminina, que apresenta apenas gineceu. É uma flor carpelada. Imagem: Silvia Schaefer.
Flores diclamídeas, monoclamídeas ou aclamídeas
Diclamídea: quando a flor é completa (sépalas, pétalas, androceu e gineceu).
Monoclamídea: Quando um dos envoltórios externos (pétalas ou sépalas) está ausente.
Aclamídea ou nua: quando a flor é formada apenas por estames ou ovário.
Gineceu - Flor Magnoliophyta
É a parte feminina da flor.
O gineceu, tipicamente consta do ovário e de um prolongamento, o estilete. No ápice do estilete encontra-se o estigma, região receptiva para o pólen.
Estrutura do gineceu de uma flor: receptáculo floral, ovário com óvulo no seu interior, estilete e estigma.
O ovário é a porção alargada da base do carpelo que contém um ou mais lóculos, de acordo com o número de carpelos que o formam.
O carpelo é cada compartimento (lóculo) do ovário que contém um ou mais óvulos. O gineceu apresenta um ou mais carpelos.
O número de óvulos contido em cada lóculo é bastante variável e de grande importância para a identificação taxonômica da flor, principalmente ao nível de família e subfamília.
Carpelos
Quando um único carpelo está presente, dizemos que a flor possui um ovário simples.
Quando mais de um carpelo está presente, pode ser:
Apocárpico: formado por vários carpelos livres entre si. Cada carpelo é monolocular, isto é, constituído por apenas um lóculo.
Sincárpico: formado por vários carpelos unidos entre si.
Imagem dos tipos de carpelos existentes nas flores: simples, apocárpico ou sincárpico.
Classificação quanto ao número de lóculos:
Unicarpelar / Unilocular: quando apenas um carpelo está presente, e este carpelo apresenta apenas um lóculo.
Pluricarpelar / Unilocular: quando mais de um carpelo está presente, mas o conjunto de carpelos apresenta uma única abertura interna, ou seja, apenas um lóculo. Neste caso, cada estilete conduz ao mesmo lóculo comum.
Pluricarpelar / Plurilocular: quando mais de um carpelo está presente, e cada um dos carpelos apresenta um lóculo correspondente. Neste caso, cada estilete conduz ao seu lóculo particular correspondente.
Imagem mostrando a classificação quanto ao número de carpelos e lóculos do gineceu. A flor pode ser: unicarpelar / unilocular, pluricarpelar / unilocular, pluricarpelar / plurilocular.
Gineceu - Flor Magnoliophyta
A parte feminina da flor, o gineceu, pode ser classificado segundo a posição do ovário em relação ao receptáculo e a posição do hipanto em relação ao ovário.
Posição do ovário
Caráter de importância taxonômica, principalmente na classificação das ordens e famílias:
Ínfero (ovário abaixo do plano do receptáculo).
Semi-ínfero (ovário acima do plano do receptáculo, parcialmente envolto por ele, mas sem fusão).
Súpero (ovário acima do plano do receptáculo).
Imagem da estrutura de uma flor de ovário ínfero. Esta mesma flor também é classificada como epígina.
Imagem da estrutura de uma flor de ovário semi-ínfero. Esta mesma flor também é classificada como perígina.
Imagem da estrutura de uma flor de ovário súpero. Esta mesma flor também é classificada como hipógina.
Posição do hipanto
Circundando o ovário, pode existir uma estrutura em forma de taça denominada de hipanto, originária do receptáculo ou então da fusão entre sépalas, pétalas e estames.
- Hipógina (não possui hipanto). Sépalas, pétalas e estames estão abaixo do ovário. Neste caso o ovário é sempre súpero.
- Perígina (apresenta hipanto). Sépalas, pétalas e estames fundem-se, envolvendo o ovário, mas não unindo-se e ele. A inserção das sépalas, pétalas e estames é abaixo do ovário (que é semi-ínfero).
- Epígina (possuem hipanto). Inserção das sépalas, pétalas e estames é acima do ovário (que é ínfero).
Óvulos apresentam dois envoltórios (tegumentos externo e interno).
Androceu
É a parte masculina da flor.
O androceu consta do conjunto dos estames de uma flor. Constituído pelo filete, que contém dois microsporângios (tecas). As duas tecas formam a antera e são reunidas entre si pelo conectivo.
Imagem (desenho esquemático) do estame de uma flor. Constituído pela antera, que é formada por duas tecas, unidas uma à outra pelo conectivo. O conjunto fica na extremidade superior do filete. Imagem: Silvia Schaefer.
A antera é parte fértil do estame onde serão produzidos os grãos de pólen.
Imagem (desenho esquemático) do corte transversal de uma antera jovem, mostrando os sacos polínicos com as células mãe no seu interior. Revestindo a antera externamente temos a epiderme e internamente, o endotécio. O tapetum reveste cada saco polínico. Imagem: Silvia Schaefer.
Imagem (desenho esquemático) do corte transversal de uma antera madura, mostrando as câmaras polínicas com os grãos de pólen no seu interior. Imagem: Silvia Schaefer.
Grão de pólen
- Célula binucleada (núcleo vegetativo e núcleo reprodutivo) cercada por duas membranas: a exina (mais externa) e a intina (mais interna).
- A exina apresenta rugas que permitirão a fixação no estigma, para posterior fecundação.
- O grão de pólen é um esporo (micrósporo). Ainda não é o gameta masculino do vegetal. Este é formado dentro do tubo polínico, quando o núcleo reprodutivo se divide, formando dois anterozóides.
Imagem (desenho esquemático) de um grão de pólen. Constituído por dois núcleos (o reprodutivo e o vegetativo), pelos poros, exina (revestimento externo) e intina (revestimento interno). Imagem: Silvia Schaefer.
Classificação quanto a o número de estames:
Monostêmone – Um único estame por flor;
Polistêmone – Vários estames por flor.
Isostêmone - quando o número de estames é igual ao número de pétalas;
Anisosêmone - quando o número de estames é diferente do número de pétalas.
Gamostêmone - quando os estames são fundidos uns com os outros;
Dialistêmone - com os estames são livres, não fundidos.
Classe Dicotyledonae (Magnoliopsida): as dicotiledôneas
São as angiospermas que desenvolvem duas folhas cotiledonares (dois cotilédones) no embrião, dentro da semente. Estas são localizadas lateralmente, sempre opostas. Podem servir como órgão de reserva da semente.
Imagem de uma dicotiledônea, a flor azaléia, da espécie Rhododendron simsii, família Ericaceae. Foto: Silvia Schaefer
Em geral apresentam crescimento secundário na raiz e caule (meristemas responsáveis: câmbio e felogênio).
As folhas da maioria apresentam nervação reticulada (peninérvea).
Flores organizadas em plano dímero, tetrâmero ou pentâmero, ou seja, apresentam 2, 4, 5 pétalas, ou seus múltiplos.
Raízes pivotantes (raiz principal com raízes seundárias).
Segundo o sistema de classificação Cronquist (1968)
• Contém 6 subclasses, 56 ordens, 293 famílias e aproximadamente 165.000 espécies.
• Subclasses: Magnoliidae, Hamamelidae, Caryophyllidae, Dilleniidae, Rosidae e Asteridae.
• As subclasses podem apenas ser caracterizadas em termos de generalidades e não precisamente definidas geneticamente, devido à diversidade existente.
Classe Magnoliopsida - Subclasses
A seguir veremos de forma resumida as características das subclasses pertencentes à Classe Magnoliopsida (dicotiledôneas).
• Magnoliidae: forma um grupo basal, do qual todas as outras Angiospermas derivaram. Contém as famílias consideradas mais primitivas. As principais ordens são: Magnoliales, Laurales, Piperales.
• Hamamelidae: são principalmente anemófilas (polinização pelo vento), com flores reduzidas, geralmente apétalas e reunidas em amentos (espiga pendente, com flores saindo de toda a extensão do eixo principal). As principais ordens são: Hamamelidales, Fagales, Urticales.
• Caryophyllidae: tendência à placentação central (óvulos fixos a um eixo central) ou basal (único óvulo fixo à base do ovário unilocular). Pigmentos (betalinas) restritos ao grupo. Poucas são gamopétalas (pétalas unidas entre si). Ordem: Cariophyllales.
• Dilleniidae: geralmente mais que um óvulo em cada lóculo. Raramente apresenta disco nectarífero de origem estaminoidal. Várias famílias mais avançadas são gamopétalas. As principais ordens são: Malvales, Nepentales, Violales, Capparales, Primulales.
• Rosidae: estames numerosos. Grupos mais avançados: tendência a lóculos uniovulados. Característica marcante: disco nectarífero no receptáculo. Maioria dialipétalas (pétalas livres entre si). Poucas gamopétalas ou apétalas. As principais ordens são: Fabales, Rosales, Myrtales, Euphorbiales, Sapindales, Geraniales, Polygalales.
• Asteridae: engloba maior número de famílias com flores gamopétalas. Óvulos unitegumentados. Considerada a mais derivada (evoluída) das dicotiledôneas. As principais ordens são: Gentianales, Rubiales, Solanales, Lamiales, Asterales.
Classe Monocotyledonae (Lilliopsida): as monocotiledôneas
São as angiospermas que desenvolvem no embrião da semente uma única folha cotiledonar (um cotilédone), com função absorvente (transferindo as reservas do endosperma para o embrião).
Foto de uma monocotiledônea, a orquídea-bambu, uma orquídea da espécie Arundina bambusifolia, família Orchidaceae. Foto: Silvia Schaefer
Caules e raízes não apresentam crescimento secundário.
Os vasos condutores encontram-se dispersos no caule.
Folhas com nervuras paralelas (paralelinérveas), com bainha larga.
Flor organizada de acordo com plano trímero, ou seja, apresentam 3 pétalas ou múltiplos de 3 (6, 9 e assim por diante).
Raízes do tipo fascicular, como uma "cabeleira", ou seja, muitas raízes, todas aproximadamente do mesmo diâmetro e comprimento. Nenhuma se destaca em tamanho sobre as outras.
Segundo o sistema de classificação Cronquist (1968)
• Contém 5 subclasses, 18 ordens, 61 famílias e aproximadamente 55.000 espécies.
• Cada subclasse tende a explorar um nicho ecológico diferente.
Subclasses: Alismatidae, Arecidae, Commelinidae e Liliidae
Classe Liliopsida - Subclasses
A seguir veremos de forma resumida as características das subclasses pertencentes à Classe Magnoliopsida (monocotiledôneas).
• Alismatidae: é o grupo basal das monocotiledôneas. São principalmente aquáticas. Sistema radicular bastante reduzido e pouco lignificado. Principais ordens: Alismatales e Hydrocharitales.
• Arecidae: folhas grandes e pecioladas. Freqüentemente arborescentes, flores agrupadas em espádice (espiga com eixo espesso, carnoso, protegido por uma bráctea bem desenvolvida – copo de leite). Principais ordens: Arales, Arecales.
• Commelinidae: redução floral e polinização anemófila. Algumas epífitas, com o ovário ínfero (bromélias). Principais ordens: Commelinales, Zingiberales, Bromeliales, Cyperales.
• Liliidae: polinização entomófila. Apresentam tubérculos e bulbos em maior proporção que as demais. Mecanismos polinizadores altamente complexos, como em Orchidaceae. Principais ordens: Liliales, Orchidales.
MORFOLOGIA E ADAPTAÇÕES DAS FOLHAS:
Uma folha completa é constituída de limbo (ou lâmina), pecíolo, bainha e estípulas. O limbo é a porção achatada e ampla, responsável pela fotossíntese. Ele pode ser simples ou dividido em várias partes, todas com aspectos de pequenas folhas - os folíolos, caso em que se fala em folha composta.
|
O limbo prende-se ao ramo caulinar por intermédio do pecíolo, que pode apresentar em seu ponto de inserção uma expansão denominada bainha. Na maioria das dicotiledôneas está presente o pecíolo, sendo as folhas denominadas pecioladas. Nas monocotiledôneas as folhas são geralmente apecioladas e denominadas invaginantes, pois prendem-se ao caule através de bainhas bem desenvolvidas. Folhas sem pecíolo e sem bainha são denominadas sésseis. Neste caso o limbo fixa-se diretamente no caule.
|
Adaptações especiais das folhas:
Gavinhas: folhas modificadas com função de prender a planta a um suporte.
Ex.: Ervilha
Espinhos: folhas atrofiadas, como adaptação a clima seco, evitando a perda
de água por transpiração. Ex.: cactos
Brácteas: folhas sempre presentes na base de algumas flores, atuando como
estruturas de atração de insetos e pássaros. Ex.: primavera, bico-de-papagaio
Catafilos: folhas reduzidas que geralmente protegem gemas dormentes. Em
alguns casos especiais, atuam como órgãos de reserva, como na cebola e no
alho.
Folhas coletoras: folhas modificadas presentes em algumas epífitas, com função de reservatório de água e detritos.
Folhas de plantas carnívoras: folhas modificadas para a captura e digestão de insetos e outros pequenos animais.
Folhas de plantas aquáticas flutuantes: no Aguapé o pecíolo das folhas apresenta bolsas de ar que permitem a flutuação.